andei ausente uns tempos, mas não parei de escrever. Pra separar minhas besteiras das lisbonices, criei outro blog pra postar meus textículos: http://19999inimigos.blogspot.com.
Nos dias 19 e 20 de outubro, ocorreu a Cúpula da OTAN em Lisboa, com a presença dos líderes de 28 países, entre eles o Obama, Sarkozy, Medvedev, Bersluconi, Cameron, enfim, a "nata" da geopolítica mundial (que cada vez mais tem que ceder espaço ao "leite", as potências emergentes como a China, a Índia e o Brasi
l). Ocorreram alguns protestos, não tão violentos quanto os realizados em outras capitais, mas que também atraíram muita gente. O maior ocorreu na Av. da Liberdade, tirei a foto lá.
Sobre eventos culturais, três recentes foram particularmente interessa
ntes. Um foi a mostra de fotografia "Africa: see you, see me", de fotos que retratam a África contemporânea de forma criativa e distante da iconografia tradicional da tragédia africana. A impressão deixada por estas imagens é a de um continente culturalmente riquíssimo, de
povo criativo, belo, que, como todo o resto do gênero humano, busca a beleza enquanto tenta sobreviver. Tem uns retratos fantásticos, algumas fotos antigas, do Marrocos,
Gana, Quênia, Nigéria e Mali. Muito bem organizada.
Outra "coisa" cultural é a Casa-Museu Medeiros e Almeida, na R. Rosa Araújo, próxima à Av. da Liberdade. Não é dos museus mais conhecidos de Lisboa, mas é de primeira linha. Situa-se na casa de estilão oitocentista de um magnata português, de origem açoriana, que faleceu em 1986, deixando sua coleção de arte e móveis para o mu
seu. A casa é belíssima, com excelentes pinturas dos sécs. XVIII e XIX da Inglaterra, França e Holanda, além de uma magnífica coleção de relógios e porcelana chinesa antiga. Pra coroar, está em exposição lá uma coleção de miniaturas de carros "Dinky Toys", que fizeram a festa da garotada nos anos 1950 e 60. Uma beleza, passeio obrigatório pra quem visitar Lisboa.
Por fim, assisti - seria melhor dizer "atravessei" - o épico "Misté
rios de Lisboa", versão condensada da minissérie de TV dirigida por Raul Ruiz ("O Tempo Redescoberto"), com grande elenco de atores portugueses. Trata-se da adaptação de romance do
Camilo Castelo Branco, conhecido por seus tijolos folhetinescos e açucarados, bem ao gosto dos leitores do século XIX. O filme, acho, pode ser um daqueles raros casos da adaptação ser melhor que o original, como "O
Iluminado" e "O Poderoso Chefão". Enquanto que o livro (não li) parece ser prolixo e derramado, o filme é dinâmico, mesclando as numerosas histórias de vários desconhecidos na Lisboa da passagem do século XVIII e XIX com fluidez. A produção, inclusive, é primorosa, não vejo cenários e fotografia tão bonitos desde os filmes de Visconti. Um dos melhores filmes de época que já vi. São 4h40 de filme, com intervalo no meio, mas vale cada centavo. Fantástico!
Nenhum comentário:
Postar um comentário