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quinta-feira, 17 de junho de 2010

(auto-)consumo / (self-)consumption

Acabei de assistir a trecho de entrevista com Manuel Castells, sociólogo espanhol que ensina em Berkeley. Nos anos 1990, Castells escreveu uma trilogia - "A Era da Informação" -, três livros (verdadeiros tijolos) que descreviam a transformação da sociedade de consumo de massas do séc. XX para uma de redes, a partir do desenvolvimento das novas tecnologias e dos novos paradigmas da era digital (sério, todo esse jargão pós-moderno me faz dormir). Só li o primeiro, muito bom - apesar de vermelhinho, Castells faz uma descrição muito pertinente do mundo nos anos 1990, fase de transição da era industrial para a pós-industrial (pós-isso, pós-aquilo, pós-de-arroz), com todas as suas contradições e desafios.

Mas, no vídeo, o ponto mais interessante é outro. Castells afirma que a atual crise da economia espanhola (e, por tabela, européia) foi causada pelo esgotamento do modelo da sociedade de consumo desenfreado. As pessoas, segundo ele, endividaram-se comprando de tudo, "como idiotas". Mais importante que a crise de liquidez seria alcançar um novo patamar de consumo, sem excessos, inclusive "trabalhando menos", a fim de reservar mais tempo para o lazer.

É um ponto de vista meio ultrapassado, mas tem o seu valor. Em tempos que, para fugir da crise, sábios das finanças preconizam uma "saída para a frente", com o povo apertando o cinto, pagando mais impostos e ameaçando perder o emprego (enquanto os CEOs das grandes empresas continuam colecionando bônus milionários), a proposta de trabalhar menos e dedicar mais tempo ao ócio parece uma solução criativa, até humanista, para a crise. Pena que não vai colar.

Entrevista: http://unisinos.br/blog/ihu/2010/06/15/crise-ou-oportunidade-entrevista-com-manuel-castells/


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I just watched an interview with Manuel Castells, a Spanish sociologist that teaches in Berkeley. During the 90s, Castells wrote a trilogy - "The Information Age" -, três books (huge bricks) that describe the change from the mass consumption society of the 20th century to one Network society, born from the development of the new technologies and paradigms of the Digital Age (I swear, all this post-modern jargon makes me sleepy). I read the first book, real good - in spite of being somewhat of a commie, Castells describes very well the world in the 1990s, a transition period from the Industrial to the Post-Industrial world (post-this, post-that, post-office), with all its contradictions and challenges.

But, in the interview, his main point is a different one. Castells says that the present Spanish (and, by extension, European) economic crisis was caused by the collapse of the model of unrestrained mass consumption society. People, according to him, have indebted themselves by buying everything they saw, "like idiots". More urgent than solving the liquidity crisis would be to change consumption patterns, avoiding excesses, even "working less", in order to save up more time for leisure.


It is an outdated view, sure, but not without value. During a time that, to beat the crisis, financial pundits advise more restrictions in the economy, with everybody tightening their belts, paying more taxes and risking losing their jobs (while CEOs of big companies continue to get their fat bonus paychecks), the idea of working less and dedicating more time to leisure seems like a creative, if not humanist, solution to the crisis. Too bad it won´t stick.

Interview: http://unisinos.br/blog/ihu/2010/06/15/crise-ou-oportunidade-entrevista-com-manuel-castells/

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